as perguntas que nunca te farei...

Depois de sabermos que a Polícia Judiciária detectou um levantamento de meio milhão de euros por parte de dois arguidos do processo Freeport e, não sabendo para onde esse dinheiro seguiu, resolveu concluir o referido processo, sabemos também agora que os procuradores do Ministério Público acharam importante inquirir o actual Primeiro-Ministro. Contudo, e infelizmente, não tiveram tempo, talvez pela rapidez com que todo este processo se desenvolveu.

Seria importante que tal situação tivesse sido ultrapassada, ou como diz o próprio Primeiro-Ministro, para que ficasse "evidente para todos os portugueses de boa fé a enormidade das calúnias, das falsidades e das injustiças que sobre mim foram insistentemente repetidas ao longo destes últimos seis anos, muitas vezes com um único objetivo: de me atacarem politicamente e de me atacarem pessoalmente". Aliás, deveria ser o próprio José Sócrates o primeiro interessado em que tal acontecesse.

 

São estas algumas das 27 perguntas que, para os procuradores do Ministério Público consideram que José Sócrates deveria ter respondido, mas para as quais... não houve tempo, num processo tão célere quanto este:

 

  • Confirma a recepção, na sua residência, de uma carta que lhe terá sido dirigida pelo arguido Manuel Pedro, tratando-o por "Caro amigo"?"
  • Confirma ter havido um apoio efectivo da família Carvalho Monteiro [tio e primos de Sócrates] ao licenciamento do Freeport?
  • Encontra alguma explicação para o teor das declarações produzidas nos autos por Hugo Monteiro (seu primo), segundo o qual a reunião promovida pelo pai com o então ministro do Ambiente "foi realizada e contribuiu decisivamente para o licenciamento" do Freeport?
  • Encontra alguma explicação para as declarações de Hugo Monteiro "no sentido de que, ainda antes da apresentação do projecto, foi ter consigo, a sua casa, na Rua Braancamp, em Lisboa, perguntando-lhe se não se importava que ele invocasse o seu nome, para prestigiar o projecto, ao que terá respondido afirmativamente?
  • Como explica o envio, através da conta de correio electrónico josesocrates@ps.pt, de uma mensagem de propaganda eleitoral ao arguido Charles Smith (charlessmith@mail.telepac.pt), sendo certo que o mesmo é de nacionalidade estrangeira e não inscrito nos respectivos cadernos eleitorais?
  • Confirma que, em Outubro de 2000, enquanto ministro do Ambiente, deu alguma orientação no sentido do ICN apresentar proposta" de alteração dos limites da ZPE [Zona de Protecção Especial] do Estuário do Tejo?
  • Teve conhecimento da colaboração do arguido Eduardo Capinha Lopes nas campanhas eleitorais do PS para as autárquicas de 2001, nomeadamente em Grândola, Santiago do Cacém, Moita, Barreiro e Alcochete e, em caso afirmativo, se essa colaboração influenciou a sua escolha para o desenvolvimento dos projectos de arquitectura do complexo Freeport?
publicado por MAV às 16:46